Paciente recebe kit cloroquina em casa enviado por plano de saúde
Após se consultar por telefone com um médico do plano, paciente foi orientada a tomar a medicação antes mesmo de ter o diagnóstico confirmado
Uma mulher de 56 anos diz ter recebido em casa um kit cloroquina enviado pela operadora de saúde Prevent Senior, mesmo sem ter o diagnóstico para covid-19 confirmado. Na embalagem, que chegou em seu apartamento, continha além da droga, azitromicina, vitaminas e zinco. Segundo ela contou ao repórter Alex Tajra, do Uol, o pacote foi enviado horas depois de ela se consultar por telefone com um médico do plano.
Na teleconsulta, a mulher, identificada na reportagem apenas como Maria, relatou dores no corpo e febre e ouviu o médico dizer que a suspeita era covid-19. Ele também a informou que ela receberia a medicação para o tratamento em casa.
A paciente ainda conta que questionou se não havia contra-indicação, já que tem apenas um rim. O médico, porém, garantiu que não havia problema.
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O envio de cloroquina para a casa de paciente sem comprovação da doença contraria orientação do CFM (Conselho Federal de Medicina). O protocolo do conselho autoriza médicos a prescreverem a droga a seus pacientes, porém, a prescrição só pode ser feita em três situações: 1) paciente com sintomas leves, em início de quadro clínico e com diagnóstico confirmado; 2) paciente com sintomas importantes, com ou sem recomendação de internação e 3) pacientes críticos na UTI com uso de ventilação mecânica.
A reportagem do UOL procurou a Prevent Senior para comentar o caso, porém, a operadora apenas informou que “utiliza diversos protocolos de tratamento para a covid-19, cabendo aos médicos, com o consentimento do paciente e seus familiares, decidirem quais procedimentos são os mais adequados, após avaliação de cada caso”.
Remédio sem comprovação científica
O tratamento precoce com cloroquina e hidroxicloroquina é criticado por entidades médicas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) encerrou em definitivo um estudo grande sobre a medicação após checar ineficácia da mesma.
De acordo com a organização, o medicamento não foi capaz de reduzir a mortalidade em pacientes internados com covid-19.
Além disso, médicos alertam para os diversos efeitos colaterais graves relacionados ao uso de cloroquina e seu derivado, a hidroxicloroquina. O principal deles é a arritmia cardíaca.
Bastante criticada pela Sociedade Brasileira de Infectologia, a administração precoce de cloroquina e da hidroxicloroquina é apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro. Diagnosticado com covid-19, ele tem feito propaganda da medicação.
Na terça-feira, 7, mesmo dia em que divulgou o resultado positivo do seu teste para coronavírus, ele chegou a postar um vídeo em suas redes sociais tomando a droga e disse que começou a se sentir melhor após tomar os primeiros comprimidos.
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