Varíola do macaco é registrada pela primeira vez em cachorro

O animal desenvolveu lesões cutâneas parecidas com as de seus tutores

17/08/2022 09:33

Um estudo publicado na revista científica “The Lancet” apresentou o primeiro caso de um cachorro infectado pela varíola do macaco. O vírus pode ter sido adquirido por transmissão humana, segundo os pesquisadores.

A infecção foi registrada na França. A hipótese é de que cão tenha contraído a doença de seus tutores que estavam contaminados e têm o hábito de dormir com o animal.

Fotos publicadas no estudo mostram as erupções cutâneas na barriga e na região anal do cachorro
Fotos publicadas no estudo mostram as erupções cutâneas na barriga e na região anal do cachorro - divulgação/The Lancet

O cachorro desenvolveu múltiplas lesões na pele e nas membranas mucosas, incluindo grandes bolhas cheias de pus na barriga e uma ulceração no ânus.

Um teste de diagnóstico e uma análise genética revelou que o vírus que infectou um dos homens correspondia exatamente ao vírus que infectou o cão.

Os sintomas no animal se desenvolveram cerca de 13 dias após o início dos sintomas nos tutores.

“Nossas descobertas devem estimular o debate sobre a necessidade de isolar animais de estimação de indivíduos positivos para o vírus da varíola dos macacos. Apelamos para uma investigação mais aprofundada sobre transmissões secundárias através de animais de estimação”, escreveram os autores do estudo.

De acordo com Rosamund Lewis, líder da Organização Mundial da Saúde (OMS), este é o primeiro incidente que  se tem conhecimento sobre a transmissão de humano para animal.

“Então, em vários níveis, esta é uma informação nova. Não é uma informação surpreendente, e é algo que estamos atentos, disse.

“É importante notar que, neste momento, não se sabe se um cão infectado pode transmitir o vírus da varíola de volta às pessoas”, acrescentou Lewis.

Segundo o artigo na “The Lancet”, os tutores do cachorro são homens e parceiros não exclusivos que vivem na mesma casa. Ambos desenvolveram sintomas de doença – incluindo erupções cutâneas, fadiga, dores de cabeça e febre – cerca de seis dias depois de fazerem sexo com outras pessoas.

Desde o início do surto de varíola, os casos de infecção têm se concentrado fortemente entre homens que fazem sexo com homens, mas essa tendência não indica que o vírus se espalhe exclusivamente por meio da atividade sexual ou que homens que fazem sexo com homens sejam particularmente propensos à doença. Qualquer pessoa, independentemente da orientação ou comportamento sexual, pode pegar e espalhar o vírus.

Como ocorre a transmissão?

A transmissão de humano para humano do vírus geralmente ocorre através do contato próximo com as lesões, e fluidos corporais, incluindo pus, muco e saliva, ou com materiais contaminados com seus fluidos corporais, como roupas ou lençóis.

Acredita-se que a maioria os casos esteja ocorrendo a partir do contato sexual, pois o surto atual tem sido associado a lesões anais e genitais inesperadas.

Mas a transmissão também pode ocorrer pelo contato não sexual. O vírus também pode se espalhar através de gotículas respiratórias – ou seja, pequenas gotas de saliva e muco – que são expelidas pela boca; esta via de transmissão torna-se mais provável durante o contato cara a cara “prolongado” ou contato físico íntimo, como o beijo.