DNA da varíola do macaco é encontrado em sêmen, e agora?

Achado reforça suspeita de mudança do vírus e possível transmissão via sexual, porém, os pesquisadores dizem que as evidências não são fortes o suficiente

Fragmentos do DNA da varíola do macaco (monkeypox) foram encontrados no sêmen de alguns pacientes na Itália, levantando questões sobre a possibilidade de o vírus estar se espalhando por contato sexual, como anteriormente já cogitado.

A descoberta é de um grupo de pesquisadores do Instituto Spallanzani, um hospital e centro de pesquisa de doenças infecciosas com sede em Roma. Eles observaram pela primeira vez evidências do vírus no fluido seminal de quatro pacientes.

O relatório foi publicado em 2 de junho na Eurosurveillance – revista da Europa sobre vigilância, epidemiologia, prevenção e controle de doenças infecciosas.

Pesquisadores encontram DNA do vírus da varíola do macaco em sêmen de pacientes
Créditos: BlackJack3D/istock
Pesquisadores encontram DNA do vírus da varíola do macaco em sêmen de pacientes

O caso de um paciente, em particular, que teve a amostra testada em laboratório sugeriu que o vírus encontrado em seu sêmen era capaz de infectar outra pessoa e se replicar.

Em entrevista à agência de notícias Reuters, o diretor geral do instituto, Francesco Vaia, disse que esses dados, que estão sendo enviados para publicação, as evidências não são definitivas para provar que as características biológicas do vírus mudaram, de modo que seu modo de transmissão evoluiu.

“No entanto, ter um vírus infeccioso no sêmen é um fator que inclina fortemente a balança a favor da hipótese de que a transmissão sexual é uma das maneiras pelas quais esse vírus é transmitido”, disse ele.

Como é transmitida a varíola do macaco?

Embora a descoberta do vírus no sêmen seja importante, não dá para sustentar ainda a transmissão sexual. Ao certo, o que se sabe mesmo é que a varíola do macaco é transmitida quando alguém tem contato próximo com uma pessoa infectada.

A transmissão pode ocorrer a partir do contato físico direto com as bolhas na pele, caraterísticas da doença, pela tosse ou espirro de pessoas infectadas e também pelo contato com roupas de cama com fluidos contaminados.

Bolhas na pele não características da varíola do macaco
Créditos: Berkay Ataseven/istock
Bolhas na pele não características da varíola do macaco

O período de transmissão da doença se encerra quando as crostas das lesões desaparecem.

Sintomas da varíola do macaco

O período de incubação (tempo desde a infecção até os sintomas) da varíola do macaco é geralmente de 7 a 14 dias, mas pode variar de 5 a 21 dias.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos EUA, os sintomas são semelhantes, mas mais leves do que os da varíola. Eles geralmente incluem febre, calafrios, inchaço dos gânglios linfáticos uma a duas semanas após a exposição, seguidos por uma erupção cutânea.

Essa erupção, alguns dias depois, se desenvolve em lesões semelhantes a bolhas e se transforma em crostas, ambas durando cerca de um dia cada. O tecido saudável geralmente surge duas a quatro semanas após o início dos sintomas.

O que os cientistas têm notado no atual surto é que os sintomas tem sido mais leves.

Outra diferença é a localização dessas lesões – geralmente começando na cabeça e se espalhando para os braços e pernas. Mas agora, as lesões estão aparecendo pela primeira vez na região genital ou perianal.